sábado, agosto 30, 2008

Metamorfose

Esta semana li "AMetamorfose" de Franz Kafka. Confesso que no início fiquei desiludida porque pelos comentários que sempre tenho ouvido do livro estava à espera de mais. No entanto, com o desenrolar da história, fui percebendo o seu sentido e cai numa reflexão sobre qual o sifgnificado daquela "metarmofose".

Da reflexão tirei algumas conclusões que podem não ter nada a ver com o sentido dado pelo autor quando escreveu o livro mas foi o sentido que descobri naquilo que li.

Penso que a metamorfose poderá estar relacionada com a morte e com todo o processo de esquecimento de alguém que desaparece para sempre. Senão vejamos:

O principal personagem acorda transformado num bicho que causa a maior das repugnâncias aos seus entes mais próximos (os pais e a irmã). Durante algum tempo a irmã preocupa-se em alimentá-lo, em cuidar-lhe do quarto, fazendo esforços para que não se esqueçam dele. Passados uns tempos, a irmã começa a desinteressar-se de todos estes cuidados e os pais pouco ou nada falam dele. Aos poucos o quarto começa a ser "desocupado" e repleto de coisas que ~já não fazem falta. Por fim, chega o dia em que a familia resolve ver-se livre do bicho em que o personagem se transformou e a harmonia volta a reinar na família.

Transpondo agora para a morte...

Quando alguém próximo morre fazemos todos os esforços para mantermos tudo tal e qual como está...o quarto, as fotografias, as recordaçõoes...A pouco e pouco começamos a encontrar outros interesses, a descurarmos aquela memória que tivemos tanto trabalho em manter. As conversas em torno da pessoa começam a escassear até desaparecerem e tudo volta à normalidade como se aquela pessoa nunca tivesse existido restando apenas uma vaga lembrança uma ou duas vezes por ano.

Tal como disse, este pode não ser o sentido que o autor pretendia mas fez-me pensar nisto.

3 comentários:

Daniel Geraldes disse...

Curiosamente tive quase, quase para comprar esse livro hoje, não comprei porque não me apeteceu gastar dinheiro.

Li os livros, engraçados, o primeiro de Winston Churchill "os meus primeiros anos" e o segundo de um self made man Português, o Bernardino Ferreira, o Homem que nunca foi menino.

E vou começar a ler um de Will Fergunson que se chama "a educação de um vigarista", comprei o livro pelo título. :)

Ab imo Corde disse...

A metamorfose foi provávelmente o livro que mais vontade tive de ler e que depois mais me desiludiu, não pela história mas pelo fraco, na minha opinião, desenvolvimento da mesma... Nada que se compare a obras de grandiosidade por todos reconhecida como o Processo.

De facto e porque a literatura é arte e sendo arte é indubitavelmente interpretada de formas diferentes pelos diferentes sujeitos, não fiz essa analogia com a morte que fizeste... Associei o tema à "pequenez" com que o mundo e os outros muitas vezes nos olham, ao egoísmo patente no ser Humano e à indiferença e conformismo com que nos olham os outros perante os nossos problemas, à falta de altruísmo... Enfim, mas é arte!!! e seguramente cada uma de nós pensou nos temas que a este nível tem mais apreço e como sabes:), sou uma "perdida" pelo existêncialismo e pelas temáticas da individualidade do ser humano e egoísmo patente em nós e que nos torna intrinsecamente maus!

Dostoiesky sem dúvida o melhor nestas "andanças" do ser humano:p Lê Coração Débil, uma narrativa breve simplesmente...fenomenal!

Ab imo Corde disse...

Errata: onde se lê Dostoiesky deve ler-se DOSTOIÉVSKI!

[erro grave:s]