quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Ah, Onde Estou

Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo,
A banalidade devorante das caras de toda a gente!
Ah, a angústia insuportável de gente!
O cansaço inconvertível de ver e ouvir!
(Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.)

Queria vomitar o que vi, só da náusea de o ter visto,
Estômago da alma alvorotado de eu ser...

Álvaro de Campos

Estou farta...

A cada dia que passa cada vez tenho mais a certeza de uma coisa: vivemos rodeados de mentira, falsidade e hipocrisia. Será que alguém me explica qual a necessidade de mentir, mesmo pelas coisas mais insignificantes? O que leva uma pessoa a inventar histórias que desde que nascem têm o seu futuro comprometido devido um mísero promenor que escapa na sua criação? Não seria melhor se todos nós fossemos sinceros e honestos uns com os outros em vez de andarmos a brincar ao jogo do quem é melhor, mais rico, mais forte, etc, etc, etc. Caramba, será possivel que no mundo actual hajam tão poucas pessoas que dão importância aos verdadeiros valores existentes nas nossas relações do quotidiano?
Chamem-me idealista, chamem-me o que quiserem, mas eu não consigo digerir o facto de estar rodeada de competições estúpidas e inúteis que me levam a perder a paciência frequentemente e a ficar farta desta merda toda. Chega... Chega... CHEGA...Acabem de uma vez por todas com o mundo material e comecem a ter vida própria em lugar de andarem a lixar a dos outros. O que as pessoas ganham com estas acções que de inteligente não têm nada, é ficarem sozinhas, sem amigos e a invasão dakele sentimento que nos cobre a alma e nos tira a vontade de viver e que tem como nome SOLIDÃO. Vocês é que sabem, eu, por mim, estou farta, a partir de hoje vou apenas dar a minha atenção a pessoas que realmente merecem e que vêm outras coisas à frente para além de €€€€€€€€€€€€€€€€€€€.
Apenas deixo um conselho: ao pensarem que enganam alguém, enganam-se a vocês duas vezes.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Dia de São Valentim


Hoje, como todos sabem é o famos dia de S. Valentim, mais conhecido pelo Dia dos namorados. Contudo, não consigo compreender o que significa realmente este dia. Não deveríamos nós celebrar o amor cada dia das nossas vidas? Porque é que há pessoas que enchem o seu par com ursinhos, postais, e todas essas coisas que apenas servem para encher os bolsos dos donos dos recintos onde estes presentes são adquiridos, neste dia e nos outros são bem capazes de dizer as maiores atrocidades sobre ele? Haverá maior prenda que o verdadeiro amor vivido com todas as forças e aproveitado minuto a minuto? Onde se encontra o verdadeiro amor? Num gesto carinhoso ou num emorme urso de peluche?
Concordo com a existência deste dia, mas não como ela é actualmente. O dia de S. Valentim deveria ser para pensarmos no verdadeiro significado dessa tão pequena palavra que faz mover montanhas que é o AMOR. Deixemo-nos de ursinhos e de porta-chaves e passemos aos verdadeiros sinais de amor. Comecemos a viver a vida como ela é e acabemos com o materialismo que continua a querer vingar nos nossos dias.
A todos os casais que festejam este dia, aproveitem-no bem para demonstrar ao vosso par quanto o amam, mas não se esqueçam de repetir esse gesto pelo menos uma vez por dia.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a viva vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só m grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos