quinta-feira, janeiro 17, 2008

Encontro-te numa rua escura, ainda marcada pelas primeiras chuvas de Janeiro.

"Olá" - disse-te.
Respondes-me com um olhar frio e distante que desconheço.
"Estás bem?" - pergunto-te.
Respondes-me que sim mas continuas parada, sem reacção e com esse olhar que continuo sem compreender. Um olhar que nunca pensei ver em ti, repleto de ódio e desilusão, um olhar que me apavora.
"Não te quero perder" - digo-te.
"Isso nunca acontecerá" - respondes. Fico mais calma, julgando que estás apenas num dia mau e que tudo passará. Sinto-me aliviada. A ideia de te perder perseguiu-me nos ultimos dias e estava a tornar-se impossível viver com ela.

Voltas-me as costas por um minuto (algo que me preocupa, pois jamais me voltarias as costas). Quando voltas a olhar-me nos olhos o teu olhar paralisou-me.
...
Um punhal de prata atinge-me no peito.
...
"Porquê?" - Questiono-te com o olhar.

Nada dizes continuas com o mesmo ódio e as mesmas acusações que continuo sem entender.

A surpresa.
A tristeza.
A incompreensão.
A desilusão.
O rosto pálido.
O sangue a correr e a deixar as suas marcas no chão.
As lágrimas a misturarem-se com o sangue, num vermelho tão vivo que não queria deixar fugir.
A dor causada pela ferida tão mais profunda que a facada.

Voltas as costas ao meu corpo que jaz morto no chão.

"Why have you forsaken me?"

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