segunda-feira, janeiro 07, 2008

Nas escadas da metro sinto o cheiro do mesmo perfume que alguém usava naquele dia. Naquele dia em que estava à porta do hospital com a Ana, sem saber bem porquê à espera...à espera daquela notícia que de certa forma já conhecia mas que não queria ouvir. Aquela notícia que fez com que ficasse alguns minutos a olhar para a gaveta do roupeiro aberta, parada sem reacção e só ter saído dali quando a Ana chegou, me abraçou, tirou alguma roupa da gaveta, me ajudou a levantar e me disse: "não faz mal chorares" ...a notícia da tua morte.

Sinto o cheiro e a saudade preenche-me...
Desde esse dia passaram mais de dez anos e eu continuo a acreditar que um dia vais voltar, que ao olhar o céu me vais dar um sinal em como não desapareceste para sempre, que vais continuar a sorrir e a lembrar, uma vez mais aquela minha birra que durou uma viagem inteira na qual a única coisa que queria era uns binóculos que tinha visto na feira e que te recusaras a comprar e com a qual gozaste dias e dias a fio (o quanto desejava tê-los para te poder sentir mais perto através das estrelas).
Tenho saudades do tempo em que me pegavas ao colo e eu me sentia segura, nada mais interessava...do tempo em que me recusava a almoçar sem que tivesses chegado.
Tenho saudades dos teus olhos meio castanhos, meio verdes e que estavam sempre, sempre a brilhar.
Tenho saudades de passear contigo e com a Ana pelas pequenas ruas da Aldeia da Luz e de me sentir tão feliz!!!
Tenho saudades de te ver sentado do outro lado da mesa na noite de Natal.
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A cada dia que passa sinto mais a tua falta.

Onde quer que estejas, volta depressa....

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